quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E se Deus mandasse para você uma carta assim?


Oi, Como você acordou esta manhã? Eu vi você e esperei pensando que falaria comigo, mesmo que fossem apenas umas poucas palavras,
querendo saber minha opinião sobre alguma coisa ou mesmo Me agradecendo por algo bom que aconteceu em sua vida ontem.
Você mandou e-mails pra todos os seus amigos, mas não falou comigo... Tudo bem!
Notei que você estava muito ocupado tentando encontrar uma roupa apropriada para o trabalho. Então, esperei outra vez...
Quando você andou pela casa, de um lado para outro, já pronto, Eu estava lá. Seriam poucos minutos para você dizer-me “Alô, Amigão!".
Mas você estava realmente muito ocupado. Como você ainda tinha 15 minutos antes de sair de casa, gastou esse tempo apenas sentado em uma cadeira, sem fazer nada!
Então, Eu o vi se mexer, olhando para os seus pés que se movimentavam, e pensei que queria falar Comigo, mas você dirigiu-se ao telefone e ligou para um amigo para contar as últimas novidades.
Na hora do almoço, esperei pacientemente outra vez enquanto você estava assistindo TV e comendo a sua comida. Porém, mais uma vez você não falou Comigo!
Na hora de dormir você devia estar muito cansado, pois apenas disse boa noite para a sua família, pulou na sua cama, caiu no sono e dormiu rapidamente.
Tudo bem! Talvez você não saiba que Eu sempre estou ao seu lado, disponível.
Tenho muita paciência! Muito mais do que você possa imaginar. Eu mesmo quero ensinar-lhe como ser paciente com as outras pessoas e como ser bom.
Amo tanto você que espero todos os dias por um sinal seu, um simples inclinar de cabeça, uma oração, um pensamento ou um agradecimento.
Sabe, é muito difícil uma conversa quando só existe um lado! Só um disposto a conversar. Bem, você vai se levantar outra vez para um novo dia e mais uma vez e mais outra vez, e outra vez, sem falar comigo. E serão muitas vezes... 
Um abraço do seu sempre Pai e Amigo, 

DEUS




terça-feira, 29 de novembro de 2011

Se as coisas fosse perfeitas...

Se as coisas fossem perfeitas
Não haveriam arrependimentos
E nem descobertas...
Não existiria lições de vida
Se tudo fosse perfeito
Mãos não se uniriam
E sonhos não seriam valorizados.
Se tudo fosse perfeito
Olhares não se completariam
E gestos passavam despercebidos.
Se tudo fosse perfeito
As lágrimas não existiriam
As palavras seriam perfeitas...
Se tudo fosse perfeito
Eu pularia no abismo
Sem medo da morte
Pois asas eu ganharia...
Se tudo fosse perfeito
Eu atravessaria o oceano
Sem medo de ser levada pelas ondas
Sem receios de me perder em suas profundezas.
Se tudo fosse perfeito
Dores não existiriam
E a cura não seria procurada...
Se tudo fosse perfeito
Não haveria a busca pela perfeição...
Nada é por acaso
Pois nem o destino
É Perfeito.



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O coração da Mulher.‏


Neste mês do Sagrado Coração de Jesus vamos falar justamente do coração, mais especificamente sobre o coração da mulher. Um estudo americano publicado em 1959, revelou que as doenças do coração eram mais associadas ao sexo masculino. Agora, em 2011, 52 anos depois da publicação desse estudo, os números são desfavoráveis as mulheres. Uma nova pesquisa revela que elas são ou estão mais suscetíveis do que os homens as doenças do coração.Mas, o que anda acontecendo com as mulheres? Segundo a pesquisa, publicada na revista Veja (04 de maio de 2011), as mulheres começaram a sofrer mais do coração a partir da década de 60, com a emancipação feminina, principalmente no campo profissional. Elas começaram a se expor ao stress, cigarro, álcool, dietas desequilibradas, obesidade, pílula anticoncepcional, entre outros fatores.São muitas as diferenças entre o coração do homem e da mulher. Por exemplo, o coração feminino bate mais rápido e suas artérias coronárias são mais estreitas e flexíveis.Por outro lado, os cuidados preventivos são importantes para ambos os sexos. Alimentação saudável, nada de cigarro, álcool, atividade física constante, controlar e evitar o stress, exames regulares (pelo menos uma vez por ano) para prevenção e tratamento das doenças coronárias.E as diferenças entre homens e mulheres não ficam só no campo físico e biológico. Elas também são grandes no universo emocional. Naturalmente mais sensíveis emocionalmente, também por razões hormonais, hoje as mulheres ficam mais expostas ao stress e as fortes emoções da vida. Elas tem que dar conta da sua vida, do trabalho, do lar, dos filhos, do marido e sabe-se lá mais do que! No ranking da arte de enfrentar e superar problemas e desafios da vida, as mulheres continuam na frente dos homens. Sua garra e vitalidade são incomparáveis!Nesse mundo maluco que vivemos hoje, talvez a pressão seja maior para as mulheres. Por isso, você mulher, deve pensar melhor sobre sua vida, seus anseios e desejos. O que realmente é importante para você? Qual é a sua maior prioridade? O que você pode fazer para mudar esta situação? Como envolver marido e filhos para você não se sobrecarregar tanto? Responder a essas perguntas vai ajudar você mulher, mãe, esposa, trabalhadora, guerreira, a repensar seus valores e a tomar decisões importantes para que você e sua família tenham mais qualidade de vida e seu coração possa bater cada vez melhor com muita saúde física, mental e espiritual.Deus abençoe a todos e lembre-se sempre: Cuide do seu corpo, ele é Templo do Espírito Santo de Deus.


Texto de Frei Rinaldo Stecanela.Revista Brasil Cristão, Junho de 2011.

domingo, 27 de novembro de 2011

A pipoca...

Rubem Alves


A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.

Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.

Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas.

Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.

A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.

Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.

Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.

Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".


O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP).